segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Feliz Ano Novo

No mês de Dezembro as páginas do Facebook, Twitter, emails, caixas de mensagens de celular, repartições públicas, empresas, casas, ruas se enchem de mensagens com o desejo de coisas boas, paz, fraternidade e milhares de coisas e nas semanas de Natal e Ano, essas "dedicações" aumentam mais ainda... além dos balanços de fim de ano, as reflexões, decisões para o novo anos, metas, sonhos e uma enxurrada de coisas, literalmente inunda a vida de todo mundo.

Inclusive a minha.

E passei esses últimos dias lendo e observando tudo isso, e ao mesmo tempo me sentindo péssima por não compartilhar de todo esse furor do fim de ano. 

Sim, eu desejo um novo ano abençoado a todos, que novas, melhores e mais bonitas coisas aconteçam a humanidade, votos de paz, felicidade e prosperidade a todos, mas não dessa forma cheia de grandiosidades e coisas irreais e falsas, as quais são movidas por momentos de êxtase, que essas datas comemorativas costumam trazer a grande maioria das pessoas.

Esse ano eu não fechei pra balanço, pelo menos ainda não, porque tenho aprendido que todo ação precisa ser pensada no momento em que é feita, que arrependimentos aumentam a bagagem e o peso pra ser carregado as vezes fica insustentável, não porque a vida seja dura, e eu sei, ela é, mas porque nós mesmos conseguimos torná-la mais difícil. Mas é necessário repensar, refazer, retomar, deixar... mas isso independe do ano novo, depende de cada um, depende de mim.

Sei que essa frase é velha, mas cada vez mais acho verdadeira: O ano novo quem faz sou eu. Sempre.

Eu posso fazer ano novo todos os dias, se eu decidir que será assim.

Também não estabeleci nenhuma resolução de ano novo, nem me prometi uma dieta maluca, entrar na academia, perder 10 quilos, casar, plantar uma árvore e nada dessas coisas. Na verdade eu ainda nem pensei em nada que as pessoas consideram grandioso pro próximo ano. E não, isso não é pessimismo ou "deixa a vida me levar", apenas o desejo de começar o ano um pouco mais tranquila, sem ideias surreais sobre o futuro e planos que eu não vou concretizar, porque simplesmente não condizem com a realidade da minha vida, de quem eu sou e do momento que estou vivendo.

Enfim, esse ano é um dos anos que eu estou mais tranquila com essas datas, mais calma, menos nostálgica e mais leve, sim, essa é a palavra, leve.

Então, desejo a todos um ano mais leve, com fé, esperança, alegria, força, amor e tudo de bom, mas acima de tudo, desejo que todos nós aprendamos a ser mais verdadeiros e que não apenas no ano novo nos sintamos motivados a ser melhor, fazer diferente, perdoar, recomeçar... mas que todos os dias novas possibilidades dentro e fora da gente sejam apresentadas e representadas.

Feliz Ano Novo!



quarta-feira, 11 de julho de 2012

Já fez a faxina?

Hoje, levantei da cama e decidi: Vou fazer faxina. Foi definitivo, trabalhoso, mas o resultado foi ótimo.

Durante a árdua tarefa de faxina, fui obrigada a reparar a bagunça que fiz... e essa foto mostra um pedacinho de tudo, no geral, era baderna pra todo lado!

Sapatos lá fora, roupas espalhadas, papel pra todo lado, livros esparramados, enfim, um caos.



Parecia que não ia ter fim. Mas teve e o resultado foi excelente. Diante das constatações, percebi algumas coisas e passei a tarde pensando nisso, refletindo e quem sabe isso não leve mais pessoas a refletir também.

Sou uma pessoa que pra organizar, antes preciso bagunçar tudo. Pegar na mão, olhar, ver a utilidade, esparramar pra ver os detalhes, ver se cabe, se serve, se presta. Na escola quem já me viu arrumando armário se assusta... consigo espalhar coisas pela sala toda, mas no final, ahhh o final, dá tudo certinho! Não sei se isso é uma qualidade ou um defeito.

Acredito que transfiro isso pra tudo na minha vida.

Depois de muitos anos, hoje me livrei de alguns objetos que não tinha coragem de doar, jogar no lixo ou sei lá o que, mas percebi no meio da minha bagunça que não existia mais espaço pra eles nas minhas coisas, no meu tempo, na minha vida.

Em alguns momentos, ou vários da minha vida, já tive que parar pra organizar as coisas, os sentimentos, os acontecimentos, as pessoas, você sabe, né? Dar aquela faxina na cabeça e no coração e tenho descoberto que faço bagunça até ai! Preciso sentir tudo. Se é pra sentir, então que seja tudo, se é pra chorar, que seja cada lágrima, se é pra mudar, então que seja feita de uma vez, se é pra tirar, então vamos sentir a perda, mas sempre precisei sentir cada sensação, cada detalhe e percebo que toda vez que tento me reorganizar sem fazer bagunça, não dá certo. Intensidade é uma palavra que se aplica.

Será porque?

Acho que inverter ordens, prioridades, tirar colocar, perder, ganhar são tarefas muito complicadas, ainda mais quando se fala de gente e sentimentos. A gente precisa ter certeza nesses assuntos. Eu preciso ter certeza, preciso bagunçar, desorganizar, pegar na mão, sentir, mensurar, ou as vezes, só olhar e saber que está lá e poder ter a oportunidade de repensar, pensar, refletir e saber o que fazer com aquilo, descobrir que não serve mais, ou que precisa ser diferente, que há outras maneiras de fazer, de raciocinar, que existe mais gente nesse mundo ou que pra você existe aquele pequeno universo e terá que lidar com isso. 

E nessa de "lidar com as coisas" é que vem o motivo da minha bagunça. Só me encontro, se de alguma forma me perco e acho maneiras de lidar com tudo o que tá lá. Engraçado pensar em quantas coisas, poeira, jogamos pra baixo do tapete, quantas coisas deixamos apodrecer dentro de nós, outras colocamos lá e nem sabemos o motivo, juntamos cacarecos emocionais o tempo todo e as vezes nem percebemos o quantos estamos vazios e sem rumo, pois simplesmente nos negamos a faxinar e descobrir o que anda acontecendo com nosso interior.

As vezes até Deus perde o espaço na nossa vida, aliás, muitas vezes. Como ter espaço pra Deus se dentro de nós existem tantas coisas, tanta podridão, tantas feridas, tantas coisas inúteis, tanta gente errada, sentimentos errôneos e uma bagunça sem sentido? Até no nosso vazio não deixamos Deus entrar, porque até nós temos pavor dele.

Coração é bicho bobo e descoordenado, se a gente não cuidar cai nas armadilhas dele. Cuidado.

E ai, você tem faxinado seu interior?




segunda-feira, 9 de julho de 2012

O X da questão




Eu odeio matemática. Pronto. Falei. 

Peço desculpa a todos os meus professores, aqueles que eu enganei durante todos os anos de escolarização e a até a própria Matemática. 

Acho que toda a minha inabilidade com essa disciplina piorou ainda mais quando no final da questão, era escrito: Qual é o valor do X? Sempre tive uma vontade louca de responder: Quer saber? Responde você! Eu não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe! Mas como boa aluna, comportada e boazinha, continuava gastando lápis, borracha, caneta e papel tentando desvendar a questão.


Sempre simpatizei mais com Humanas e Sociais. Gente, ainda me impressiona, fascina e me ensina, muito mais que qualquer número.

Nunca fui uma pessoa lógica, ou melhor, sempre tive uma lógica individual, as vezes me levou a caminhos mais difíceis, coisas mais complicadas, tarefas que exigiam mais compromisso e força de vontade, mais trabalho e outras coisas. Imaginação fértil demais, falante e cheia de momentos de iluminação, mesmo que não prestem pra nada!

Nessa altura do campeonato, parei pra observar quantos "X" eu e praticamente todas as pessoas já tiveram que responder e quais as questões que somos o tempo todo pressionados a gabaritar.

Quando estamos na adolescência temos que dar conta de descobrir quem somos, o que queremos, o que gostamos e que curso superior fazer, já vi muita gente surtando.... depois vem a expectativa de bons empregos, salários, status e toda a história, logo, lá pelos 20 e poucos anos, ai de você se não tiver um namorado e pra piorar se até os 30 não estiver casada, até os 35 com filhos e assim vai... eternamente, e digo isso porque a vida é feita de escolhas, de X e principalmente de resultados e consequentemente do que eles nos tornam e vice versa.

Tudo tem dois lados, acho que na verdade, tudo tem diversos lados.

Responder as pressões da vida é uma necessidade e muitas vezes urgente, isso implica em escolhas e até o ato de não fazê-las, já reside em ter escolhido.

Talvez, em muitos momentos eu respondi todas as minhas questões, certas ou erradas, e isso foi útil, sem isso eu não seria quem sou, ou teria o que tenho, mas em outras coisas, me senti um tanto perdida ou acuada. 

Cada um cria em si uma maneira de lidar com todas as coisas, pessoas, acontecimentos e consigo mesmo. Cada um tem sua lógica, sua maneira de resolver, criar, escolher. Acho digno.

A nossa grande dificuldade, muitas vezes, além de lidar com nossos "X" é querer se intrometer no dos outros, querer que os outros pensem como nós, escolham, e ajam de acordo com o que acreditamos. 

Certo é certo, eu sei, mas algumas escolhas na vida temos que fazer sozinhos. Crescer é isso. 


quinta-feira, 24 de maio de 2012

Não tenha tempo

Como sempre, as minhas inspirações vem nas horas mais inapropriadas possíveis. Mas de tantas coisas que já tive vontade de escrever e acabei não fazendo, essa sobreviveu a mim. 

Todos os dias, alguém diz, ou faz com que subentendamos que precisamos ter tempo e se alguém me disser que nunca foi cobrado, não acredito. Tempo pra família, tempo pra Deus, tempo pra si mesmo, tempo pros amigos, tempo livre, tempo pra comer em paz, tempo pra dormir, tempo pra isso,  pra aquilo, tempo, tempo, tempo....

Ter tempo acabou se tornando uma cobrança e não apenas uma compreensão de administrar o tempo, ou como na Bíblia é descrito: remir o tempo. Você precisa se virar e dar conta de tudo. Você precisa ter tempo.

Dias me vejo escrava disso, desse ideal (será?) de ter tempo pra tudo, ficar bem e fazer com que todos se sintam bem com minha organização.

Confesso que sou péssima nisso muitas vezes. Não é por mal, é apenas porque dar conta de tudo é realmente impossível ou no mínimo estressante.

O tempo é incontrolável, rápido e principalmente: precioso. A gente perde tempo com tanta coisa, sabe aquelas que no fundo sabemos que são desperdício, mas ainda assim a gente insiste? Pois é. Essas.

Em alguns países europeus existe um movimento interessante "Slow Attitude", que basicamente consiste em ter uma atitude que valorize mais o ser do que o ter, algo como atribuir mais qualidades ao tempo e não apenas fazer com que ele renda infinitamente, na minha visão, fazer com que o tempo seja melhor aproveitado e em coisas importantes.

Resolvi escrever esse texto como uma forma de protesto. Um protesto a uma forma desencontrada de vida, que exige demais e na verdade não gera qualidade.

NÃO TENHA TEMPO! 

Não tenha tempo pra gente que egoísta, que só pensa em si mesmo.
Não tenha tempo pra ficar pensando nas coisas que não deram certo.
Não tenha tempo pra ficar remoendo os sonhos que não realizou.
Não tenha tempo pra se importar com gente que fala de mais e faz de menos.
Não tenha tempo pra falar dos outros, principalmente se você não é um exemplo.
Não tenha tempo pra passar o dia fuçando a vida alheia, e se isso for em redes sociais, então... vá cuidar da sua!
Não tenha tempo pra justificar seus erros.
Não tenha tempo pra agradar a todos. Isso é humanamente impossível.
Não tenha tempo pra discutir.
Não tenha tempo pra complicar.
Não tenha tempo pra odiar.
Não tenha tempo pra sentir inveja.
Não tenha tempo pra causar problemas a você e a com quem convive.
Não tenha tempo pra coisas nas quais você não acredita, valores que não preza, ideais que não são seus e atitudes que discorda.

Talvez, essa lista poderia ser muito maior, mas num tempo em que as muitas pessoas perdem o tempo de suas vidas buscando uma autoafirmação, que chega a ser medíocre, "tá de bom tamanho".

Acredito sim, em organização do tempo, em valorizar o que é importante e tudo mais, porém saber filtrar o que é importante, o que vale a pena, o que nos faz felizes, mais completos e que contribua não apenas para a construção do nosso próprio eu, mas que seja mais um bloco para a construção dos outros e do mundo é fundamental.

O tempo passa. E como, por isso é importante não ter tempo.


segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Saudade

Hoje é dia da saudade. Como se saudade tivesse que ter data! Saudade dá todo dia, toda hora e em qualquer lugar. Do que? De várias coisas, fatos, pessoas, músicas, sons, lugares, cheiros, sabores e de tantas outras coisas que só quem sente sabe descrever. Ou não. Eu não acredito que saudade possa ser descrita. Acho que ela foi feita pra ser sentida mesmo... 


Pelo menos pra mim.


Nesses meus poucos anos de existência (e experiência!) não entendo porque tanta gente tenta descrever esse sentimento. Na verdade a palavra SAUDADE  só existe em nosso idioma, nossa Língua Portuguesa, essa caixinha de palavras e segundo o dicionário significa: "Recordação suave e melancólica de pessoa ausente, local e coisa distante, que se deseja ver ou voltar a possuir. Nostalgia". Acho pouco, acho pobre.


Saudade pra mim é aquele sentimento que começa pequeno, como se faltasse algo, um pedacinho, e as vezes parece algo que sufoca, como mãos te estrangulando, um nó no estomago, uma falta de alma, ou a falta dela. Sei lá. Divago.

Saudade do amor perdido, de como era, do que foi e não é mais, da família, do cachorro, do papagaio, da cama, do cheiro da roupa, do perfume, do verde, do cinza, da praça, da praia, do sol, da chuva, do barulho, do silêncio, , da voz, do telefone, da solidão, da companhia, do passado, do exato momento, de coisas que não viveu, do que está ou não.

Uma vez, faz um bom tempo, passei uns dias identificando uma saudade, loucura, né? Dias tentando perceber do que sentia saudade. Era uma besteira. O cheiro do amaciante de roupa, que tinha sido trocado. Quando senti esse cheirinho de novo, foi o topo!

Grandes saudades? Eu tenho! Minha vó. Ranzinza, dramática, curiosa, preocupada, exagerada, intrometida, reclamona, , mas a minha vó. Aquela que me dava o dinheiro do doce escondida, que passava o dia na cozinha só porque eu acordei com vontade comer polenta, que me defendia das surras, que me deixava demorar no banho, que sempre fazia minhas vontades, e assim vai...

Enfim, se cada um parasse para escrever tudo o que tem saudade ia levar tanto tempo que a vida teria que parar.

Saudade é coisa que a gente junta, guarda todo o dia um bocadinho numa caixinha ou é desatada mesmo, incontrolável, daquela que vaza pelos olhos, sabe, né? Ahhh, e se não sabe, desconfio! Desconfio de gente que não sente saudades, que não chora por causa dela de vez em quando.

Passar a vida lamentando a saudade, não, por favor, ninguém merece! Mas ter saudade é saudável (péssimo trocadilho!), faz parte de valorizar as pessoas, as coisas e os fatos, e melhor, as vezes é a prova de que a vida está sendo vivida.