segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Saudade

Hoje é dia da saudade. Como se saudade tivesse que ter data! Saudade dá todo dia, toda hora e em qualquer lugar. Do que? De várias coisas, fatos, pessoas, músicas, sons, lugares, cheiros, sabores e de tantas outras coisas que só quem sente sabe descrever. Ou não. Eu não acredito que saudade possa ser descrita. Acho que ela foi feita pra ser sentida mesmo... 


Pelo menos pra mim.


Nesses meus poucos anos de existência (e experiência!) não entendo porque tanta gente tenta descrever esse sentimento. Na verdade a palavra SAUDADE  só existe em nosso idioma, nossa Língua Portuguesa, essa caixinha de palavras e segundo o dicionário significa: "Recordação suave e melancólica de pessoa ausente, local e coisa distante, que se deseja ver ou voltar a possuir. Nostalgia". Acho pouco, acho pobre.


Saudade pra mim é aquele sentimento que começa pequeno, como se faltasse algo, um pedacinho, e as vezes parece algo que sufoca, como mãos te estrangulando, um nó no estomago, uma falta de alma, ou a falta dela. Sei lá. Divago.

Saudade do amor perdido, de como era, do que foi e não é mais, da família, do cachorro, do papagaio, da cama, do cheiro da roupa, do perfume, do verde, do cinza, da praça, da praia, do sol, da chuva, do barulho, do silêncio, , da voz, do telefone, da solidão, da companhia, do passado, do exato momento, de coisas que não viveu, do que está ou não.

Uma vez, faz um bom tempo, passei uns dias identificando uma saudade, loucura, né? Dias tentando perceber do que sentia saudade. Era uma besteira. O cheiro do amaciante de roupa, que tinha sido trocado. Quando senti esse cheirinho de novo, foi o topo!

Grandes saudades? Eu tenho! Minha vó. Ranzinza, dramática, curiosa, preocupada, exagerada, intrometida, reclamona, , mas a minha vó. Aquela que me dava o dinheiro do doce escondida, que passava o dia na cozinha só porque eu acordei com vontade comer polenta, que me defendia das surras, que me deixava demorar no banho, que sempre fazia minhas vontades, e assim vai...

Enfim, se cada um parasse para escrever tudo o que tem saudade ia levar tanto tempo que a vida teria que parar.

Saudade é coisa que a gente junta, guarda todo o dia um bocadinho numa caixinha ou é desatada mesmo, incontrolável, daquela que vaza pelos olhos, sabe, né? Ahhh, e se não sabe, desconfio! Desconfio de gente que não sente saudades, que não chora por causa dela de vez em quando.

Passar a vida lamentando a saudade, não, por favor, ninguém merece! Mas ter saudade é saudável (péssimo trocadilho!), faz parte de valorizar as pessoas, as coisas e os fatos, e melhor, as vezes é a prova de que a vida está sendo vivida.