quarta-feira, 11 de julho de 2012

Já fez a faxina?

Hoje, levantei da cama e decidi: Vou fazer faxina. Foi definitivo, trabalhoso, mas o resultado foi ótimo.

Durante a árdua tarefa de faxina, fui obrigada a reparar a bagunça que fiz... e essa foto mostra um pedacinho de tudo, no geral, era baderna pra todo lado!

Sapatos lá fora, roupas espalhadas, papel pra todo lado, livros esparramados, enfim, um caos.



Parecia que não ia ter fim. Mas teve e o resultado foi excelente. Diante das constatações, percebi algumas coisas e passei a tarde pensando nisso, refletindo e quem sabe isso não leve mais pessoas a refletir também.

Sou uma pessoa que pra organizar, antes preciso bagunçar tudo. Pegar na mão, olhar, ver a utilidade, esparramar pra ver os detalhes, ver se cabe, se serve, se presta. Na escola quem já me viu arrumando armário se assusta... consigo espalhar coisas pela sala toda, mas no final, ahhh o final, dá tudo certinho! Não sei se isso é uma qualidade ou um defeito.

Acredito que transfiro isso pra tudo na minha vida.

Depois de muitos anos, hoje me livrei de alguns objetos que não tinha coragem de doar, jogar no lixo ou sei lá o que, mas percebi no meio da minha bagunça que não existia mais espaço pra eles nas minhas coisas, no meu tempo, na minha vida.

Em alguns momentos, ou vários da minha vida, já tive que parar pra organizar as coisas, os sentimentos, os acontecimentos, as pessoas, você sabe, né? Dar aquela faxina na cabeça e no coração e tenho descoberto que faço bagunça até ai! Preciso sentir tudo. Se é pra sentir, então que seja tudo, se é pra chorar, que seja cada lágrima, se é pra mudar, então que seja feita de uma vez, se é pra tirar, então vamos sentir a perda, mas sempre precisei sentir cada sensação, cada detalhe e percebo que toda vez que tento me reorganizar sem fazer bagunça, não dá certo. Intensidade é uma palavra que se aplica.

Será porque?

Acho que inverter ordens, prioridades, tirar colocar, perder, ganhar são tarefas muito complicadas, ainda mais quando se fala de gente e sentimentos. A gente precisa ter certeza nesses assuntos. Eu preciso ter certeza, preciso bagunçar, desorganizar, pegar na mão, sentir, mensurar, ou as vezes, só olhar e saber que está lá e poder ter a oportunidade de repensar, pensar, refletir e saber o que fazer com aquilo, descobrir que não serve mais, ou que precisa ser diferente, que há outras maneiras de fazer, de raciocinar, que existe mais gente nesse mundo ou que pra você existe aquele pequeno universo e terá que lidar com isso. 

E nessa de "lidar com as coisas" é que vem o motivo da minha bagunça. Só me encontro, se de alguma forma me perco e acho maneiras de lidar com tudo o que tá lá. Engraçado pensar em quantas coisas, poeira, jogamos pra baixo do tapete, quantas coisas deixamos apodrecer dentro de nós, outras colocamos lá e nem sabemos o motivo, juntamos cacarecos emocionais o tempo todo e as vezes nem percebemos o quantos estamos vazios e sem rumo, pois simplesmente nos negamos a faxinar e descobrir o que anda acontecendo com nosso interior.

As vezes até Deus perde o espaço na nossa vida, aliás, muitas vezes. Como ter espaço pra Deus se dentro de nós existem tantas coisas, tanta podridão, tantas feridas, tantas coisas inúteis, tanta gente errada, sentimentos errôneos e uma bagunça sem sentido? Até no nosso vazio não deixamos Deus entrar, porque até nós temos pavor dele.

Coração é bicho bobo e descoordenado, se a gente não cuidar cai nas armadilhas dele. Cuidado.

E ai, você tem faxinado seu interior?




segunda-feira, 9 de julho de 2012

O X da questão




Eu odeio matemática. Pronto. Falei. 

Peço desculpa a todos os meus professores, aqueles que eu enganei durante todos os anos de escolarização e a até a própria Matemática. 

Acho que toda a minha inabilidade com essa disciplina piorou ainda mais quando no final da questão, era escrito: Qual é o valor do X? Sempre tive uma vontade louca de responder: Quer saber? Responde você! Eu não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe! Mas como boa aluna, comportada e boazinha, continuava gastando lápis, borracha, caneta e papel tentando desvendar a questão.


Sempre simpatizei mais com Humanas e Sociais. Gente, ainda me impressiona, fascina e me ensina, muito mais que qualquer número.

Nunca fui uma pessoa lógica, ou melhor, sempre tive uma lógica individual, as vezes me levou a caminhos mais difíceis, coisas mais complicadas, tarefas que exigiam mais compromisso e força de vontade, mais trabalho e outras coisas. Imaginação fértil demais, falante e cheia de momentos de iluminação, mesmo que não prestem pra nada!

Nessa altura do campeonato, parei pra observar quantos "X" eu e praticamente todas as pessoas já tiveram que responder e quais as questões que somos o tempo todo pressionados a gabaritar.

Quando estamos na adolescência temos que dar conta de descobrir quem somos, o que queremos, o que gostamos e que curso superior fazer, já vi muita gente surtando.... depois vem a expectativa de bons empregos, salários, status e toda a história, logo, lá pelos 20 e poucos anos, ai de você se não tiver um namorado e pra piorar se até os 30 não estiver casada, até os 35 com filhos e assim vai... eternamente, e digo isso porque a vida é feita de escolhas, de X e principalmente de resultados e consequentemente do que eles nos tornam e vice versa.

Tudo tem dois lados, acho que na verdade, tudo tem diversos lados.

Responder as pressões da vida é uma necessidade e muitas vezes urgente, isso implica em escolhas e até o ato de não fazê-las, já reside em ter escolhido.

Talvez, em muitos momentos eu respondi todas as minhas questões, certas ou erradas, e isso foi útil, sem isso eu não seria quem sou, ou teria o que tenho, mas em outras coisas, me senti um tanto perdida ou acuada. 

Cada um cria em si uma maneira de lidar com todas as coisas, pessoas, acontecimentos e consigo mesmo. Cada um tem sua lógica, sua maneira de resolver, criar, escolher. Acho digno.

A nossa grande dificuldade, muitas vezes, além de lidar com nossos "X" é querer se intrometer no dos outros, querer que os outros pensem como nós, escolham, e ajam de acordo com o que acreditamos. 

Certo é certo, eu sei, mas algumas escolhas na vida temos que fazer sozinhos. Crescer é isso.