Hoje, levantei da cama e decidi: Vou fazer faxina. Foi definitivo, trabalhoso, mas o resultado foi ótimo.
Durante a árdua tarefa de faxina, fui obrigada a reparar a bagunça que fiz... e essa foto mostra um pedacinho de tudo, no geral, era baderna pra todo lado!
Sapatos lá fora, roupas espalhadas, papel pra todo lado, livros esparramados, enfim, um caos.
Parecia que não ia ter fim. Mas teve e o resultado foi excelente. Diante das constatações, percebi algumas coisas e passei a tarde pensando nisso, refletindo e quem sabe isso não leve mais pessoas a refletir também.
Sou uma pessoa que pra organizar, antes preciso bagunçar tudo. Pegar na mão, olhar, ver a utilidade, esparramar pra ver os detalhes, ver se cabe, se serve, se presta. Na escola quem já me viu arrumando armário se assusta... consigo espalhar coisas pela sala toda, mas no final, ahhh o final, dá tudo certinho! Não sei se isso é uma qualidade ou um defeito.
Acredito que transfiro isso pra tudo na minha vida.
Depois de muitos anos, hoje me livrei de alguns objetos que não tinha coragem de doar, jogar no lixo ou sei lá o que, mas percebi no meio da minha bagunça que não existia mais espaço pra eles nas minhas coisas, no meu tempo, na minha vida.
Em alguns momentos, ou vários da minha vida, já tive que parar pra organizar as coisas, os sentimentos, os acontecimentos, as pessoas, você sabe, né? Dar aquela faxina na cabeça e no coração e tenho descoberto que faço bagunça até ai! Preciso sentir tudo. Se é pra sentir, então que seja tudo, se é pra chorar, que seja cada lágrima, se é pra mudar, então que seja feita de uma vez, se é pra tirar, então vamos sentir a perda, mas sempre precisei sentir cada sensação, cada detalhe e percebo que toda vez que tento me reorganizar sem fazer bagunça, não dá certo. Intensidade é uma palavra que se aplica.
Será porque?
Acho que inverter ordens, prioridades, tirar colocar, perder, ganhar são tarefas muito complicadas, ainda mais quando se fala de gente e sentimentos. A gente precisa ter certeza nesses assuntos. Eu preciso ter certeza, preciso bagunçar, desorganizar, pegar na mão, sentir, mensurar, ou as vezes, só olhar e saber que está lá e poder ter a oportunidade de repensar, pensar, refletir e saber o que fazer com aquilo, descobrir que não serve mais, ou que precisa ser diferente, que há outras maneiras de fazer, de raciocinar, que existe mais gente nesse mundo ou que pra você existe aquele pequeno universo e terá que lidar com isso.
E nessa de "lidar com as coisas" é que vem o motivo da minha bagunça. Só me encontro, se de alguma forma me perco e acho maneiras de lidar com tudo o que tá lá. Engraçado pensar em quantas coisas, poeira, jogamos pra baixo do tapete, quantas coisas deixamos apodrecer dentro de nós, outras colocamos lá e nem sabemos o motivo, juntamos cacarecos emocionais o tempo todo e as vezes nem percebemos o quantos estamos vazios e sem rumo, pois simplesmente nos negamos a faxinar e descobrir o que anda acontecendo com nosso interior.
As vezes até Deus perde o espaço na nossa vida, aliás, muitas vezes. Como ter espaço pra Deus se dentro de nós existem tantas coisas, tanta podridão, tantas feridas, tantas coisas inúteis, tanta gente errada, sentimentos errôneos e uma bagunça sem sentido? Até no nosso vazio não deixamos Deus entrar, porque até nós temos pavor dele.
Coração é bicho bobo e descoordenado, se a gente não cuidar cai nas armadilhas dele. Cuidado.
E ai, você tem faxinado seu interior?