O fim do ano se aproxima e com ele muitas coisas. Você começa a parar pra pensar em como foi tudo, como você está e se realmente valeu a pena.
E porque eu estou falando nisso?
Nós nos acostumamos a avaliar se nossos objetivos, sonhos e metas para aquele determinado período de tempo foram cumpridos.
Em meio a tantas coisas a gente se esquece de perguntar: E eu? Quem sou eu em meio a tanta coisa?
Vivemos num tempo em que os dias, as horas, os minutos e os segundos passam correndo. A gente voa contra o tempo para conseguir dar conta de tudo, dar conta das responsabilidades, dos problemas, do trabalho, da casa, dos estudos, dos compromissos sociais, dos amigos e até mesmo do descanso. A gente desaprendeu a pisar no freio, não sabe mais parar e simplesmente relaxar. O "tempo que nos sobra" nos enchemos de coisa, mesmo que o compromisso seja descansar, a gente não sabe mais como fazer isso e acaba ficando pensando: o que vou fazer com esse tempo? Como vou descansar?

O tempo é uma medida que pode ser devastadora. Traz rugas, marcas de expressão, canseira, idade e várias outras coisas que podem ser desagradáveis. Mas o que causou tudo isso? Morrer de tanto rir? Experiências ricas? Cansaço de tanto fazer coisas boas? Doença pra morrer de amor? O tempo e suas marcas são o que você faz deles.
No fim do ano, até as empresas, privadas ou públicas, costumam fazer sua avaliação. Aquela institucional, sobre seu rendimento no trabalho, suas ações, seu comportamento, sua criatividade. Me pergunto: É possível se medir quem somos? É possível medir sua capacidade? Será que esse tipo de coisa não quantifica gente de carne e osso? Gente pode ser quantificada? E a grande pergunta é: Quanto você vale?
Cada um tem o direito de ter uma opinião sobre você, seu trabalho, sua maneira de ser, mas e quanto a sua opinião sobre você mesmo? A vida não é feita de outros, é feita de você em conjunto com outros. Quantas vozes ecoam na sua cabeça?
O seu valor é muito maior do que os 100% de qualquer avaliação ou de qualquer opinião de qualquer pessoa.
Gente de carne e osso é muito mais complexo do que números, mais difícil de entender, mais cheio de facetas do que qualquer diamante e mais subjetivo do que qualquer texto de Sartre, Morin ou qualquer outro filósofo, psicólogo ou que doutor for. Até pra dirigir você faz exames quantitativos.
O hábito de ser avaliado, julgado, já se tornou realmente um hábito, participante da modernidade, do mundo contemporâneo e do capitalismo selvagem.
Olhando as situações por fora, você percebe que a necessidade de resultados rápidos em tempo curtos é cada vez mais valorizado, nós somos medidos conforme reagimos como máquinas. Quanto mais você se torna um computador, mais você vale. Afinal, o prazo é curto, a solução é pra ontem e o amanhã? Ahhh... esse eu nem sei se vai chegar ou se o infarto vem antes!
Eu realmente não sei como estão as coisas com você, quais metas você realizou, o que deu certo, o que não deu, quanto você rendeu no seu trabalho e se você deu conta da sua vida particular em meio a esse turbilhão de coisas, mas eu sei que não há medida, régua ou qualquer outra coisa que meça o quanto você vale e o quanto eu valho.
A vida é feito de momentos e não de números. Não importa a quantidade deles, mas sim a qualidade e a sensação que cada um deles te deu. Não desperdice, pois eles não voltam. Não deixem que passem, pois não se repetem e não se exima de cada doce e amargo momento da vida, eles fazem parte de quem você é e de quanto você vale.
Se precisar seguir: siga. Se for necessário voltar: volte. Se ainda precisar recomeçar: vá correndo! Você vale mais do que qualquer intempérie e o tempo? Ele passa e como passa!