Uma bola de cristal, um baralho de Tarô, mapa astral, runas, borra de café, leitura de mão, vidência, macumba e todos os tipos de trabalhos que pudessem me responder uma simples questão: Como será meu futuro?
Talvez, todos os dias você se pergunte sobre como será o amanhã, mas a cada fim de ano essa pergunta soa quase como um grito.
Quem não quer saber o futuro? Namoro? Casamento? Filhos?
Emprego? Família? Carro, casa, cachorro, papagaio e praia? Vida? Morte?
Opa, eu quero!
Mas olhando nesse caleidoscópio, o qual até aqui se mostra
nosso futuro, será que sabê-lo vai me trazer que tipo de sentimento? Alegria,
amor, felicidade, paz, ódio, tristeza, raiva, rancor, prosperidade, ceticismo,
fé ou talvez a sensação de fatalidade. É isso mesmo. A crença de que a vida é
um círculo fechado, fatal e que possui apenas um foco. Afinal de contas a única
certeza que se tem na vida é a morte e se você e eu sabemos quando ela virá,
portanto é só esperar, como? Isso nós já descobrimos. Agora “venha a mim”.
A segurança que acreditamos ter em nossa aparente
estabilidade contanto ao futuro está garantida, mas e daí?
Vejo todo dia na TV e ao meu entorno gente morrendo,
nascimentos, desastres e milagres e o que muda na minha e na vida da grande
maioria da humanidade? Nada. Nós sabemos que tudo isso acontece e vai continuar
acontecendo, mas nos mantemos em nossas vidinhas habituais.
Aplico a mesma ideia ao futuro. Do que me adianta viver a
vida pensando no futuro, sentindo o futuro, planejando o futuro, chorando o
futuro, comendo e defecando futuro. A gente sabe que ele vem independente da
minha mediocridade e mesmo se por um passe de mágica eu o visse, fatalmente ele
viria e será que minha maneira de lidar comigo e com as pessoas mudaria?
Duvido.
Hoje em dia é moda ser espiritualizado... meditar,
transcender, saudar e seja lá que expressão é possível usar, tudo com o
objetivo de mudar atitudes, certo? Errado. A maioria das pessoas busca acalmar
a incerteza interna sobre o seu próprio amanhã, essa coisa de saber sobre a
humanidade é balela.
Isso prova a minha teoria de que saber o futuro não seria
uma grande mudança na vida de ninguém, ou pelo menos da grande maioria.
Veríamos pessoas surtadas, tentando aproveitar de tudo ao mesmo tempo, outras
se deixando levar e ainda outras sem saber o que fazer com as informações sobre
si mesmas. Nós, humanos não conseguimos lidar nem com o presente que vemos,
imagina com o futuro que não conhecemos.
As oportunidades de nos construirmos seriam nulas, porque do
jeito que somos todos bitolados, viveríamos uma irreal expectativa de momentos
e não de uma constante, apesar deles. E não será isso que é ser feliz? Estar
feliz apesar dos pesares da vida? Seríamos mais egoístas do que já somos, mais
exagerados e dramáticos, mais tudo, inclusive, infelizes.
Eu não sei se você pensa muito ou pouco sobre isso. Com
certeza, por mais que eu e você não assumamos, algum tempo é dedicado a isso.
Inútil, claro.
O meu futuro quem faz sou eu, as escolhas são minhas e junto
com elas todas as conseqüências. O tempo
faz parte, mas o nosso tempo aqui eu não sei e nem quero saber! Prefiro deixar
pra quem entende do assunto... Deus, essa parte é com você, e é Ele quem me deixa escolher!
Sentido da vida, tem gente que passa a vida procurando isso
ao invés de vivê-la. A cada dia temos a nossa disposição viver, ou não.
Olha, honestamente, eu não sei o que será do meu futuro e
muito menos do seu. Na verdade sou obrigada a confessar que nem sei o que vai
acontecer no próximo TIC TAC do relógio. Mas em meio as emoções de final de ano
e tantos desejos que “2012 seja o melhor ano da sua vida” e todas aquelas
coisas que naturalmente desejamos, eu também desejo.
Desejo aprender o que fazer com a minha vida todos os dias,
desejo aprender a amar mais as pessoas, a ser menos ansiosa, a pensar menos e
fazer mais, a obedecer mais, a desejar de coração sempre, a fazer tudo como se
fosse a primeira e a última vez, a ser mais honesta comigo, a dizer sim, a
dizer não, a ouvir, a falar, a ser exemplo, a refletir, a agradecer, a orar, a
pedir perdão, a ser humilde, a assumir meus erros e acertos, a não reclamar e a
simplesmente parar de questionar, valorizar o tempo e tudo aquilo que vem com
ele. A vida não é uma prova, o mérito não está em acertar, mas em aprender
mesmo assim.
Desejo a mim e a você.
Muitas interrogações, eu sei! Comecei a escrever e depois
quando li até me assustei, mas aí me lembrei daquele velho ditado: Não são as
respostas que movem o mundo, mas acho que diferentemente do ditado, são as boas
perguntas que movem a vida e na maioria das vezes a falta de fala e a sobra de
ações.